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Rotatividade é tradição na Câmara. Será mantida?

Claudemir Pereira

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Câmara de Vereadores (divulgação)

O discurso "não reeleja ninguém", não raro colocado como panaceia por cidadãos sinceros e também por oportunistas diversos, é inócuo - além de injusto com os bons parlamentares eleitos pela comunidade.

E o colunista pretende provar isso a seguir, ainda que, como se sabe, ninguém está na Câmara (ou qualquer outro parlamento) por obra e graça do Espírito Santo. Todos, sem exceção, receberam legítimos votos para representar a população.

Dito isto, e para começar, já se pode garantir, antecipadamente, que a próxima Legislatura, que se inicia em 1º de janeiro de 2021, terá renovação mínima de cerca de 25%. Sim, dos 21 edis hoje titulares, nada menos que cinco estão fora da disputa.

Dois por desistência, os emedebistas Marta Zanella e Leopoldo Ochulaki (Alemão do Gás). Os outros três porque tentarão cargo no Executivo: o emedebista Francisco Harrisson, o petista Luciano Guerra e o pessedista Marion Mortari.

Agora, uma curiosidade para a qual poucos atentam: sabe quantos dos atuais vereadores não estavam no Legislativo no período anterior, encerrado em 2016? Nada menos que 10, ou praticamente 50%. Isto é, cerca de metade dos edis é composta de recém-chegados, alguns após mais de uma tentativa.

A dezena de "novos", lá colocados pela população em 2016, é integrada por Adelar Vargas, Alexandre Vargas, Celita da Silva, Cida Brizola, Francisco Harrison, Juliano Soares, Leopoldo Ochulaki (Alemão do Gás), Luci Duartes, Valdir Oliveira e Vanderlei Araújo. Que tal?

E tem mais. O leitor sabia que, recuando um pouquinho mais no tempo, indo para a Legislatura iniciada em 2009 e terminada em 2012, e olhando a relação, nota-se, talvez com alguma surpresa, que apenas três continuam na Câmara. Sim, um trio de edis que conquistou ao menos outras duas vezes o mandato concedido pelo eleitorado local.

São eles, agora com seus respectivos partidos: Admar Pozzobom (sempre pelo PSDB), Marion Mortari (hoje no PSD, mas que foi do PP) e Jorge Trindade (originariamente do PT, e que esteve no Rede Sustentabilidade e agora é do PDT). O que determinou suas duas reeleições, certamente, não foi o partido, pode-se deduzir, mas o desempenho como vereadores e que fez com que, cada um do seu jeito, manteve ou até ampliou o eleitorado.

Resumo da ópera: noves fora os que desistem da política ou buscam outros caminhos, o fato é que o eleitor, mais que slogans negacionistas, vota por outras razões, inclusive o trabalho realizado ou não. E isso se dá naturalmente. De modo que é possível apostar na renovação. Mas não porque exista campanha nesse sentido.

Observação final: para essa nota, o escriba só levou em conta os edis titulares e não os suplentes. Embora o resultado provavelmente fosse o mesmo.

 A nada fácil tarefa de virar oposição

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O episódio do início da semana, envolvendo a paternidade político-administrativa da provável (ainda não foi assinada) adesão dos servidores municipais de Santa Maria, incluindo os docentes, ao IPE Saúde, é o mais rumoroso até aqui, nessa pré-campanha eleitoral. Mas não será certamente o único até que o último voto seja depositado nas urnas eletrônicas de 15 de novembro. 

É o preço inevitável a ser pago pela chapa liderada pelo vice-prefeito Sérgio Cechin (PP), na companhia do vereador Francisco Harrisson (MDB), que, gostem ou não, até dias atrás eram governo. Por no mínimo três anos, um e/ou outro participaram de todas as decisões na área da saúde, para ficar no exemplo mais notório.

O primeiro, por ser o vice e estar nessa condição, a rigor, em todas as fotos com o prefeito Jorge Pozzobom. E que foi tornado adversário a partir de 11 de março, justamente às vésperas de decisões importantes acerca da pandemia.

O segundo, por um bom período, foi titular da pasta da Saúde. Onde, por sinal, se houve bem, inclusive, junto com o prefeito, coordenando as ações ao tempo em que a toxoplasmose era o assunto que mais preocupava a população santa-mariense.

Não será tarefa fácil, e os marqueteiros devem estar queimando a mufa para descobrir o melhor jeito de mostrar-se como oposicionistas, embora esse seja o discurso estimulado para os militantes nos dias de hoje. Como dizer que eram contra, se as evidências (inclusive fotográficas) apontam no sentido contrário?

Mas, enfim, é a tarefa a que se propuseram os dois partidos principais do conglomerado, que tem mais meia dúzia de siglas coadjuvantes. Como vão fazer? Ao longo da campanha, que sequer começou oficialmente, se saberá.

Petistas (raízes?) atormentados.E aparente contradição

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(DES)CONSOLO - Um petista santa-mariense do tipo "raiz", inconformado com a aliança formada por seu partido com o PSD e os nomes escolhidos (ainda que não tenha apresentado alternativas viáveis, quem sabe), choraminga pelos cantos e diz, como um fez ao colunista:

- O pior é que não temos em Santa Maria nem uma (Fernanda) Melchiona, um (Guilherme) Boulos, nem mesmo uma Manuela (D'Ávila), para chamar de nosso e ir para uma terceira via.

Só por aí dá para perceber como alguns militantes do tipo disciplinado estão vendo a campanha que se aproxima, ao lembrarem nomes do PSol e do PC do B, que concorrem a prefeito em Porto Alegre e São Paulo.

LÁ É CÁ? É, MAS... - Lideranças petistas gaúchas, incluindo os deputados Paulo Pimenta (que preside o partido no Estado) e Valdeci Oliveira e o presidente do PT santa-mariense, Sidinei Cardoso Pereira, estão indignadas com a seção da agremiação no munícípio fluminense de Belford Roxo.

Tanto que esses líderes estão entre as centenas de signatários de uma demanda liderada por outros grandões da sigla no Estado e no país, por que lá o PT decidiu ser vice do "bolsonarista" MDB. Os inconformados, incluídos os boca-do-montenses citados, apelam ao Diretório Nacional para que intervenha.

Enquanto isso aqui, na entrada dos montes, tudo bem ter ao lado o PSD pró-Bolsonaro, reclamam uns e outros.

LUNETA

EMPATIA
Se colocar como igual diante do eleitor. É tentativa habitual e normalmente funciona. E por isso é repetida. Sim, além de se tornarem mais conhecidos, é essa a razão para que os pré-candidatos a prefeito de Santa Maria procurem, nesse momento da disputa, mostrar seu jeito "comum" de ser. O que implica no envolvimento direto das famílias, como se vê nas imagens difundidas pelas redes sociais. 

E ENTÃO...
Acirramento de ânimos nos últimos dias, sobretudo em siglas que estão ou saíram do governo, pode ser explicado pelas pesquisas internas dos partidos. Uma delas, a que o escriba teve acesso, e feita por profissional qualificadíssimo, aponta briga feia entre dois concorrentes de um mesmo campo ideológico. O que permite entender (o que não significa concordar) o tiroteio indiscriminado e algo perverso entre militantes. 

AJUSTES
A qualquer momento, PSDB, PSL, DEM e PTB formalizarão a aliança que é costurada há bastante tempo e que deve sustentar a dobradinha do tucano Jorge Pozzobom com o pesselista Rodrigo Décimo. Um encontro de ajustes, do PSDB com o PTB, foi realizado na tardinha de quarta-feira, com a definição de tarefas e do próprio discurso a ser adotado pelos partidos que, por sinal, são aliados no governo do Estado. 

O RETORNO
Ainda do lado governista, uma das questões a ser respondidas é a compensação ao DEM e a Rodrigo Menna Barreto (foto), que inicialmente se tinha como certo seria o candidato a vice-prefeito. Mas algo já está definido: o ex-secretário de Desenvolvimento Rural, que havia se desincompatibilizado, apenas se não quiser deixa de voltar ao cargo ainda antes da eleição de novembro. 

PARA FECHAR
O designer e militante Luciano Ribas e o cineasta Luiz Alberto Cassol, pela primeira vez desde 2000, ano em que o PT conquistou sua até então inédita vitória nas urnas municipais, com Valdeci Oliveira, estão fora da área de marketing e comunicação da sigla. O primeiro, inclusive, concorre a vereador. Agora, entre outros, quem cuida do setor é o jornalista Fabrício Vargas.

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